quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Coisas Do baú...

Recordo me como se fosse hoje, deixas te nos numa tarde de sol de Agosto, quando pensávamos que ias voltar já amanhã...A minha mãe preparou tudo, a festa com toda a pompa e circunstancia que o momento devia, afinal a sua filhota fazia anos não era todos os dias, sempre foi assim a minha mãe faz das tripas coração para me agradar, mesmo que esteja na maior das agonias guarda sempre um sorriso para mim daqueles que sabem ao beijinho reconfortante de boa noite...Nesse dia chegaram poucas crianças, sempre tive azar nesse aspecto, como faço anos no verão os miúdos estavam sempre de férias, e acabava sempre por sobrar imensos doces e eu ficava tristíssima, porque durante o ano ia as festas dos meus amigos que estavam sempre a transbordar de gente e na minha festa só apareciam uns 4 gatos pingados....Depois de imensas correrias, jogos de escondidas, quarto escuro, apanhadas e afins, os pais dos miúdos vieram buscá-los como e normal, e a minha mãe foi ter comigo ao quarto, com ela trazia um embrulho bem bonito daqueles que até dão pena de desembrulhar e que as tias costumam guardar os lacinhos no natal para por noutros presentes, abri o sem cerimónias, mas as lágrimas corriam me de fio, a minha mãe entrou em pânico, sem perceber o porquê de tanto choro, ou talvez percebesse de mais, mas ela é a mãe e a mãe não chora, a mãe é a heroína....Abraçou me e com toda a calma do mundo perguntou me "O que é se passa Ana? Não era esse o relógio que querias?", eu respondi aos soluços "Era mãe...mas ele não me ligou a dar os Parabéns, ele esqueceu se de mim mãe, ele já não gosta de nós..."Ainda assim, aquela senhora sorriu, engoliu em seco e disse "Gosta sim Ana...sabes bem que ele é distraído, não fez por mal, não ligues a isso, a mãe está aqui contigo não está?"Sem dúvida que estava, e que ainda está, e agora aquele almoço é sempre nosso, e por muito que me custe as vezes com grandes ressacas da noite anterior com os amigos, não lhe faço essa desfeita, aquele sorriso e aquele beijinho são a melhor prenda que posso ter...
Vieste tarde demais, á muito tempo que aprendi a pensar como um homem. Agora sim, posso dizer que estou em pleno, que a vida me corre de feição e que nem tudo se resume ao nada….Se dantes era vazio, agora tornou-se um vazio só, inconstante, problemático este sistema de vida em que nada parece simples, mas pensar que tudo já foi muito mais difícil ajuda bastante. Ficam sempre os porquês, desconheço a incógnita se sei a resposta, isto assim não dá, não há evolução, não existe caminho, talvez seja por isso que me quero tanto ir embora, porque o estar longe faz com que tudo volte a parecer novidade, as noticias diárias tornam se “frescas”; De rumo ao desconhecido o turbilhão da novidade a principio assusta, mas torna se efémero como tantas outras experiências….Sinto necessidade de sair daqui, de sair de mim talvez, levar este meu ser a dar voltas ao desconhecido, acreditar no que poderá vir a ser mais forte, ainda que prematuro, já chega vamos findar o fingimento, ambos esperamos a paixão é certo, eu procuro muito mais o salvamento…Vou deixar me levar, porque no fundo estou sempre a espera da desilusão que se torna quase como a morte (mais que certa), cada dia é uma conquista, e cada sorriso um deslumbramento, vamos dar tempo ao tempo e vais ver como tenho razão…

Jogo Duro

Sem querer acabei por te banalizar, transformei te num desporto de diversão alternativa, onde o objectivo é chegar a meta sem mazelas ou se as tivermos não demonstrar seja em que circunstancias for, manter nos de pé é o lema...Onde era sigilo tornou-se glórias, troféus , segredos que se contavam por código agora são “clichés” de cama, o que fica bem tomou lugar ás promessas que se faziam as estrelas, o medo é maior que tudo, mas o risco e a vontade continuam bem presentes, mas o preço do desprezo é alto bem alto...
Tenho pavor de um dia não te ligar, não te dar mais valor e perder todo o controlo das situações, visto já ter dado um vez dou mais não é? Sinceramente não sei mais como lidar contigo, se te dou demasiado apreço acho que perco a eloquência da juventude, mas se te dou de menos perco todo o encantamento do momento....remo contra uma maré que não é a minha, e continuo a negar o que realmente quero, para fugir, para não deixar cair o pano...Á partida tudo parece fácil, todos corremos pelo mesmo objectivo, não há vencidos nem vencedores, tretas!!! Há sempre aquele concorrente que apertou a mão forçadamente, de sorriso amarelo, de aperto no peito, que foi para casa chorar....Conheço muitos assim e muitas vezes torno me parte dele

Flash

Porque é que o amanhã dói tanto? Tens aquela sensação de anestesia que te dura umas horas, ainda sentes o corpo dermente, a tua memória torna-se tão curta que só tem um destino, ainda sentes aquele olhar a entrar, aquele toque permanente, aquela respiração quente, o beijo que te arrancou o folego, mas então e amanhã? Como vai ser amanhã? Sorris sem porquê, contas a história a quem merece a tua alegria, vibras cada vez que a contas, parece que vives o momento de novo por isso é que te sabe tão bem, dão-te opiniões, tiram conclusões para descobrires o que nunca terá resposta, mas e amanhã? Como vai ser amanhã? É que já começa a doer, o silêncio dito normal já se transformou em desprezo, indiferença, a história já não tem côr, já me consumiu, ficámos pelas horas, pelos minutos, pelo tempo que foi nosso o cheiro já desapareceu, os beijos deixaram a sua marca, mas o toque.....Esse aproxima-se mais do que o real...PORQUE É QUE NAO ME DISSESTE QUE O AMANHÃ IA DURAR TANTO TEMPO.....

Soma e Segue

Mergulhámos num sistema fácil, não sei o que conquisto nem o que vou conquistando, todos os dias penso, será que amanhã ainda dura?
O que se seguirá?
Nesta altura do campeonato deveria saber antever os meses, antecipar os miniutos, avançar as horas, resolver a minha vida.
De ti já sei que não posso esperar muito mais do que aquilo que tenho, ou que vou tendo, agora eu tenho plena consciência que preciso de mais, muito mais…O tempo deveria parar quando precisamos dele, durar mais para uns, demorar mais para outros, conforme as necessidades de cada um…

Conversa de Marujo..

Entramos á hora do café depois do jantar como de costume, desinibidos de preconceitos começámos a conversar, já bem regados de um vinho rosqueiro que nos servem ás refeições, mas isso não interessa, o que interessava era deixar irrigar o cérebro de pensamentos ,certezas, de experiências vividas, de fazer valer as palavras por elas mesmas, sem provas, clarificar as evidências que por vezes nos deixam dúvidas. Puxas te me pelo braço olhei para ti, reparei imediatamente que precisavas de falar, desabafar, por tudo cá para fora calei me resignei me a ouvir te amigo, acompanhei o teu raciocínio sem dúvidas, agora tudo estava claro para mim que eras desconhecido, descobri a raiz da tua carência, da tua chamada de atenção sempre presente…Afinal não és nenhum puto passaste por tanta merda como eu, mas sorris todos os dias não é? Como é que alguém consegue viver sem isto? Sem se conhecer, sem se dar a conhecer, custa me acreditar nos casulos que para aí andam que nunca chegaram a borboleta.Porquê? Porque é que as pessoas já não conversam? Resignam se a um sub entendimento uns dos outros á umas que ainda tentam procurar o porquê, acreditar que se alguém é como é não o será por acaso, sub entendem tudo, tiram juízos de valor que guardam para sempre, nunca dão o beneficio da dúvida preferem não perder tempo em conhecer os outros muitas vezes nem a eles próprios porque também não tiveram tempo nunca ninguém teve tempo para as ouvir. Será isto que nos reserva a paciência? Continuámos na conversa pela noite fora, eu e o “puto”, entretanto juntaram se mais umas almas carentes de conversa, caminhávamos em direcção ao tema do amor quando me decidi vir embora, ainda ouvi uns gritos de fundo a dizer”anda cá…também nunca nos contas nada” sorri entre-dentes para dar um ar sério e disse “prometo que um dia vos conto…mas agora não”. E agora o que é que eu vou contar?

Hoje procurei por ti…

Hoje procurei o teu cheiro nos meus lençóis,

Hoje procurei te em cada madeixa que o meu cabelo pode entrançar,

Hoje procurei te entre as frechas da minha janela ,

Hoje procurei te na rua onde os outros passam e não demoram, Hoje procurei te no meu telefone, Hoje procurei te na minha roupa, Hoje procurei te no meu riso, Hoje procurei te no meu obrigado, Hoje procurei te na minha fadiga, Hoje procurei te naquela musica esquecida, Hoje procurei te na minha vida e esqueci me de me lembrar que nunca mais te vou encontrar, porque simplesmente parei de te procurar…

Um dia...

Um dia vou deixar de olhar pela janela,vou ficar quieta e esperar pelo barulho das chaves...
Fechar os olhos e imaginar o teu sorriso com o meu,entrelaçar as minhas maos com as tuas e esperar pela manhã,
Um dia vou voltar a aquecer o teu jantar,a beber do teu copo e a fumar do teu cigarro..
Um dia vou me esquecer que já dormiste onde dorme uma sombra de ti,onde procuro um vestígio de nós e onde tenho insónias doentias..
Um dia,nada mais que um dia,vou me lembrar de ti nos meus cabelos ,por entre as minhas coisas e tentar perceber porque é que já não é o dia de teres voltado...

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Coisas que me contam....

O que é que preferias? A vida num minuto ou um minuto de vida?· Que se lixe então a propaganda alusiva a vivência, e vamos viver….Conheci hoje uma história nova, uma história daquelas antigas que cheiram aos livros da estante da minha avó, que trouxera de Angola, feitos de folhas de seda, linho e outros demais, tenho saudades desse cheiro do “antigo” do usado, do gasto, agora os livros cheiram todos a papel de impressão, a químicos, que não deixam guardar o exaustivo desfolhar, as manobras de dedos e o sublinhado do interesse….O rapaz é loiro de olhos azuis, mas quando digo azul não é cinzento, são azuis céu, enormes, franzino, mas com uma força de boi, um contador de histórias, desta vez abriu me a pagina da vida, certo dia o rapaz loiro combinou com o pai a que seria a primeira de muitas pescarias, o combinado foi ás 8 da matina em frente ao portão de casa. Sedento de boa maré, o rapaz cumpriu com o trato, vestiu se a rigor, envergou os pertences, montou a bicicleta e seguiu rumo ao portão ,foi pontual não fosse desiludir o pai .....Chegou ao local, esperou 5 min,1 hora,2,3….se fosse caso de ter lá ficado ainda lá estaria agora, mas não se rendeu ao acaso pegou nas coisas e seguiu rumo á pescaria, teve sucesso e a cada peixe que pescava pensava “Quem me dera que o meu pai me visse agora…”.Hoje em dia, este rapaz têm dois filhos e diz que lhes vai fazer exactamente o que o pai lhe fez, eu indignei me e perguntei lhe porquê causar tanta dor, porque isso marca...dói...

Ele disse me que criou defesas depois disto, que cresceu, e que assim não iriam estranhar quando alguém importante lhes faltasse. Em Suma, o barco continua mesmo que falte o pescador.

Obrigado Vítor